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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Alimentação de crianças com síndrome de Down

A partir do início do tratamento medicamentoso do Davi (para tratar a S. West), temos batalhado bastante com este tema: "Alimentação"... os remédios que ele está usando tem, entre as tantas reações possíveis, a diminuição do apetite.

No primeiro mês ele até perdeu um pouco de peso. Mas, com muito esforço, insistencia e "muita ginástica" da mamãe e do papai, atualmente ele está se alimentando razoavelmente bem e voltou a ganhar peso.

Com esta situação, procurar artigos sobre alimentação virou rotina. Hoje encontrei este artigo e achei muito interessante, por isso quero compartilha-lo com voces.

Alimentação de crianças com síndrome de Down
fonte: www.movimentodown.org.br

Ao nascer, o melhor alimento para o bebê é o leite materno. A mãe pode enriquecer o seu leite comendo bastante proteína magra, frutas e verduras à vontade, carboidratos integrais e abusar dos líquidos. Se quiser, também é possível complementar a riqueza natural do leite ingerindo cápsulas de ômega 3, 6 e 9, choline e multivitamínico, que devem ser recomendados por um nutricionista.

O aleitamento materno é também o primeiro “exercício de fonoaudiologia” do bebê, já que seus movimentos são fundamentais para exercitar e fortalecer a musculatura da boca e da mandíbula. Ao sugar o leite da mãe para se alimentar, o bebê já está fazendo o seu primeiro exercício de independência. Sempre deixando a cabeça do bebê mais alta que o resto do corpo, a amamentação também irá prevenir inflamação de ouvidos, algo mais comum em bebês que se alimentam com mamadeira.

Quando for iniciar a introdução de sólidos (como frutas e verduras), o bebê poderá sentir um pouco de constipação, que pode ser alividada com purê de ameixas, pêras, mamão, farinha e óleo de linhaça, e chia, enfim com alimentação rica em fibras e líquidos. Se o seu bebê não consegue fazer cocô pelo menos uma vez por dia, verifique se está ingerindo líquidos e fibras o suficiente.

A constipação ocorre com os bebês que não tem síndrome de Down nessa fase também. Para algumas crianças com síndrome de Down a constipação é crônica porque decorre da hipotonia do tecido muscular do intestino grosso, que não consegue realizar os movimentos peristálticos com força o suficiente para expelir as fezes. Como ajudar? Retire da alimentação (ou não introduza, no caso de bebês) farinha branca, açúcar, leite de vaca e derivados. Adote alimentação rica em verduras, frutas, fibras, farinha integral, arroz integral, quinua, chia e carnes magras. Alimentação rica em fibras e líquidos facilita a evacuação.

Outro ponto relacionado à tendência à constipação é a baixa produção de serotonina, substância responsável, entre outras funções, pelo acionamento dos movimentos peristálticos. Para elevar os níveis de serotonina, tem-se utilizado um aminoácido, chamado 5HTP: 5-Hydroxytryptophan.

Há algumas pesquisas que indicam tendência de crianças com síndrome de Down de terem intolerância à lactose e ao glúten (doença celíaca). Nesse caso, o pediatra poderá realizar testes para confirmar o diagnóstico.

Ao introduzir sólidos, os pais poderão, com recomendação de nutricionista, inserir alguns suplementos alimentícios que podem ter efeitos positivos na saúde e na alimentação da criança. Tudo deverá ser dosado para a idade e o peso do bebê e prescrito por nutricionista. São exemplos de suplementos utilizados:

1) Ômega-DHA: apoio ao desenvolvimento cerebral

2) Antioxidantes: um dos genes localizados no cromosso 21 é responsável pela fabricação de radicais livres, os quais geram oxidação das células cerebrais (e do corpo) de pessoas com síndrome de Down. O processo assemelha-se ao de cortar uma maçã ao meio e deixá-la exposta ao ar. Pesquisas revelam que cérebros de pessoas com Down se parecem muito com o cérebro de pessoas com Alzheimer: com placas oxidadas, assim como uma maçã exposta ao ar. Alzheimer’s é doença degenerativa do cérebro que também está associada a genes localizados no cromossomo 21. A fim de evitar esse processo de excesso de oxidação celular, recomenda-se enriquecer a alimentação de pessoas com Down com substâncias antioxidantes, tais como vitamina C, vitamina E e suplementos: curcumin, enzima CQ10, PQQ (pyrroloquinolina quinona), entre outros.

3) Piracetam: medicamento que já está no mercado desde os anos 80, utilizado para melhorar a fluidez das membranas cerebrais, melhorando a comunicação entre hemisférios direito e esquerdo do cérebro. Muito utilizado para tratar dislexia também.

Pesquisa/referência:

- Epilepsy: Koskiniemi M, Van Vleymen B, Hakamies L, Lamusuo S, Taalas J. Piracetam relieves symptoms in progressive myoclonus epilepsy: a multicentre, randomised, double blind, crossover study comparing the efficacy and safety of three dosages of oral piracetam with placebo. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1998 Mar;64(3):344-348.
- Aphasia: Kessler J, Thiel A, Karbe H, Heiss WD. Piracetam improves activated blood flow and facilitates rehabilitation of poststroke aphasic patients. Stroke 2000 Sep;31(9):2112-2116
- Dyslexia: – Wilsher CR, Bennett D, Chase CH et al. Piracetam and dyslexia: effects on reading tests. J Clin Psychopharmacol 1987 Aug;7(4):230-237. “Piracetam-treated children showed significant improvements in reading ability (Gray Oral Reading Test) and reading comprehension (Gilmore Oral Reading Test).”

4) Multivitaminas: a maior parte das pessoas com síndrome de Down apresentam baixos níveis de certos minerais e vitaminas, tais como zinco, vitamina B12 e selênio. Suplementos são recomendados após avaliação do nível de nutrientes em exame de sangue.

5) 5HTP – 5-Hydroxytryptophan: aminoácido utilizado para elevar os níveis de serotonina e, consequentemente, ajudar nos movimentos peristálticos e evitar constipação;

6) Probióticos: muito utilizados para equilibrar a flora intestinal e melhorar digestão e absorção de nutrientes

7) Phosphatidylcholine: lipídio que faz parte da membrana celular e apóia performance cerebral. Pesquisa da Universidade de Cornell nos EUA encontrou evidência de que bebês com síndrome de Down que ingerem choline desenvolvem benefícios para capacidade emocional e cerebral de longo prazo.

8) TMG: Tri-methyl Glycine, apoio ao ciclo SAM, comprometido em pessoas com síndrome de Down em decorrência da presença de terceiro cromossomo 21.

9) Phosphatidylserine: importante elemento constituinte das células cerebrais, aumenta a produção de acetylcholine, utilizada em sinapses (comunicação entre neurônios)

Um outro ponto importante para que pais estejam atentos, seja na infância, seja na adolescência, é a tendência à obesidade. Nos Estados Unidos, discute-se se a tendência estaria relacionada à falta de controle cerebral para que a pessoa com síndrome de Down identifique que está satisfeita ou à hipotonia ou até mesmo à simples falta de atividade física, decorrente da suposta limitação gerada pela hipotonia. Independentemente da causa, médicos e pais são unânimes em identificar ganhos relacionados à saúde e mesmo melhor aproveitamento acadêmico por meio da prática regular de atividade física. Além do engajamento social proporcionado pela prática de esportes, são claros os benefícios para a circulação, a respiração, o controle do colesterol, entre outros.

Por Cristiane Aquino - Cristiane é colaboradora do Movimento Down, mora nos Estados Unidos e é mãe do Vito, que tem 2 anos e meio e tem síndrome de Down

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